Muitas pessoas pensam que a
criatividade é um dom divino que alguns recebem ao nascer. Ou seja, que existem
pessoas que são criativas e outras que não são: é tudo ou nada. Também existe a
crença de que a criatividade acontece em lampejos, como se fosse mágica, a
pessoa tem uma ideia maravilhosa que lhe veio do nada. Mas vários estudos sobre
a criatividade indicam que todos nós temos um potencial criativo que já nasce
conosco. É como se fosse uma pequena sementinha que existe dentro de cada um e
que, para desabrochar precisa de muita prática e treino. Ou seja, todos temos
talentos e habilidades, só precisamos desenvolver a criatividade que está
dentro de nós.
Agora vamos pensar nas crianças e
no quanto são criativas! Você já parou para observar crianças brincando? Elas
falam sozinhas, conversam com seus brinquedos, dizem o que pensam. O potencial
criativo é muito grande numa criança. Freud escreveu sobre a criatividade e
comparou as brincadeiras infantis, os jogos das crianças, o seu jeito
imaginativo de brincar com os escritores que inventam mundos imaginários e de
fantasia. É que a criança não tem ainda os bloqueios dos adultos. Crianças
simplesmente são como são: autênticas, curiosas e adoram novidades! Passa pelo adulto a responsabilidade de regar na dose certa
essa sementinha de criatividade.
Mas, sempre é bom lembrar que
algumas atitudes dos adultos com relação às crianças podem impedir o uso da sua
imaginação. Quando se exerce uma vigilância demasiada e a criança está sob
observação constante, esta pode deixar de ser ela mesma para agradar o olhar do
adulto. Outra situação é de vincular as ações da criança ao recebimento de
recompensas. Os prêmios em excesso podem fazer com que ela não sinta o prazer
da própria atividade criativa.
Em muitos momentos o adulto
parece que desaprendeu a dar margem a sua imaginação. Picasso, certa vez disse
que toda criança é um artista, o problema é permanecer um artista depois de
crescer. Não existe uma fórmula secreta para a criatividade! Para fazer aquela
sementinha brotar, ou continuar dando flores, precisamos nos preparar com muita
disciplina, fazer um esforço consciente e principalmente, precisamos conhecer
muito bem uma determinada área do saber. Uma idéia inovadora não vem ao acaso. Quanto mais ricas e diversificadas forem as experiências e
as interações, tanto maiores serão suas possibilidades criadoras. Ah, e
também é preciso perder o medo de ousar, de se arriscar!
Pessoas que conseguem desenvolver
sua criatividade e que usam sua imaginação conseguem ser mais livres porque
elas participam com muito mais desenvoltura da construção de seu próprio
conhecimento entendendo melhor as regras que lhes são impostas.
Ângela Saul e Virgínia Seidl Silva
Texto escrito para a Revista Fundamental (junho/2015)