Reportagem veiculada no Jornal NH - de Novo Hamburgo, RS, em 29/08/2011.
Arteterapia contribui para a expressão de sentimentos
Método ajuda crianças a entenderem o que acontece em suas vidas.
Da Redação
Foto: Rivelino Meireles/
Novo Hamburgo
- Quando se pensa em terapia, a primeira coisa que vem à cabeça é um divã e um analista. Mas tinta, argila, colagens e música podem estar juntos. A arteterapia funciona assim: a arte ajuda a dar voz ao que se passa no interior do ser humano. A arteterapia é baseada no quanto os recursos artístico-expressivos contribuem para a expressão e comunicação de sentimentos, pensamentos, experiências.
A arteterapeuta Virgínia Seidl Silva tem seu trabalho focado na criança. “A criança pode estar sofrendo e não tem como entender o que sente. Aqui a gente faz um trabalho de arte e ajuda a criança a falar e entender o que está acontecendo com ela, tendo consciência do que está acontecendo com ela”, destaca.
A estudante Natália Hedler Souza, 8 anos, gosta de se expressar através da tinta, da argila e da infinidade de cor da caixa de lápis coloridos. A mãe, a dona de casa Márcia Hedler Souza, diz que o trabalho tem feito um diferencial na vida da menina. “Ela adora a arte e agora se expressa mais e está mais responsável”, comenta a mãe.
A arteterapia parte do princípio de que o processo terapêutico da criatividade que envolve a arte é positivo. Segundo Virgínia, qualquer pessoa pode se beneficiar, em qualquer fase da vida, porque o importante não é a qualidade artística do trabalho, mas sim passar pelo processo de fazer a arte.
“Qualquer pessoa se tem um problema emocional, físico ou que esteja buscando um auto-conhecimento pode se beneficiar. É uma terapia diferente de uma psicoterapia, por exemplo. Ao sair da sessão de arteterapia se tem um objeto, uma pintura, um desenho em mãos. Conversando com a pessoa depois que terminou o processo é que a pessoa vai se conhecendo e respondendo questionamentos internos”, explica a arteterapeuta.
Interação que fala
O arteterapeuta é um acompanhante da pessoa. Ele faz um trabalho tanto pedagógico, ensinando a pessoa para que aquele processo aconteça quanto, ao mesmo tempo, faz a leitura do trabalho através da psicologia, vendo o que há de psicológico na arte produzida. “A maneira como ela interage com o material já me diz muita coisa. Como ela chega na argila? Ela gosta ou tem nojo? Tudo isso fala muito”, enfatiza.
Família participa
Virgínia lembra que atualmente há pais que trabalham muito e quase não têm tempo para os filhos e isso pode gerar problemas. “Há também casos comuns de crianças com medo de dormir sozinhas, timidez excessiva, dificuldade de aprendizado”, destaca. Ela explica que os pais passam por uma entrevista para que se entenda o caso da criança. A partir daí, no próximo encontro, entre 1h30 e 2 horas, a criança vai sozinha. “Depois de umas 4 ou 5 sessões eu chamo os pais para que eu possa passar para eles o que podem fazer em casa para melhorar o comportamento da criança”, explica.
